Exercícios sobre Mário de Sá-Carneiro

Estes exercícios sobre Mário de Sá-Carneiro vão ajudá-lo(a) a fixar aquilo que aprendeu sobre um dos maiores poetas da literatura portuguesa do século XX.

Por Luana Castro Alves Perez
Questão 1

Um dos mais importantes poetas da literatura portuguesa, Mário de Sá-Carneiro tem sua obra associada ao

a) Trovadorismo.

b) Humanismo.

c) Classicismo.

d) Orfismo.

e) Presencismo.

Questão 2

Além-Tédio

Nada me expira já, nada me vive - 
Nem a tristeza nem as horas belas. 
De as não ter e de nunca vir a tê-las, 
Fartam-me até as coisas que não tive. 

Como eu quisera, emfim de alma esquecida, 
Dormir em paz num leito de hospital... 
Cansei dentro de mim, cansei a vida 
De tanto a divagar em luz irreal. 

Outrora imaginei escalar os céus 
À força de ambição e nostalgia, 
E doente-de-Novo, fui-me Deus 
No grande rastro fulvo que me ardia. 

Parti. Mas logo regressei à dor, 
Pois tudo me ruiu... Tudo era igual: 
A quimera, cingida, era real, 
A propria maravilha tinha côr! 

Ecoando-me em silêncio, a noite escura 
Baixou-me assim na queda sem remédio; 
Eu próprio me traguei na profundura, 
Me sequei todo, endureci de tedio. 

E só me resta hoje uma alegria: 
É que, de tão iguais e tão vazios, 
Os instantes me esvoam dia a dia 
Cada vez mais velozes, mais esguios... 

Mário de Sá-Carneiro, in 'Dispersão'

No poema acima, podemos identificar as principais características da obra de Mário de Sá-Carneiro. São elas, exceto:

a) A obra de Mário de Sá-Carneiro confunde-se com sua vida. Em seus versos, ele expressa uma angústia permanente.

b) A sinestesia, uma das maiores características da escola simbolista, é bastante utilizada por Mário de Sá-Carneiro em suas obras. O escritor lança mão das correspondências sensoriais tanto na poesia quanto na narrativa.

c) A melancolia, o narcisismo, a frustração e o sentimento de abandono, esse último está intimamente relacionado com a morte prematura da mãe de Mário de Sá-Carneiro.

d) Dificuldade em assumir-se como adulto e dificuldades para transpor as barreiras entre realidade e idealidade.

e) O fenômeno da heteronímia é uma das principais características de sua obra. Mário de Sá-Carneiro criou personalidades literárias distintas, entre elas Alberto Caeiro, Bernardo Soares, Ricardo Reis e Álvaro de Campos, esse último considerado o alter ego do escritor.

Questão 3

(UNICID)

Leia o trecho do poema Dispersão, de Mário de Sá-Carneiro, representante do Modernismo português, e responda à questão:

Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto,
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim.

Passei pela minha vida
Um astro doido a sonhar.

Na ânsia de ultrapassar,
Nem dei pela minha vida...

A maneira como o sujeito do poema de Mário de Sá-Carneiro expressa-se é similar ao estilo de um movimento literário anterior ao Modernismo que está representado pelos versos:

a) Assim foram cortando o mar sereno,
Com vento sempre manso e nunca irado,

Até que houveram vista do terreno
Em que nasceram, sempre desejado.

(Luís de Camões – Renascimento português)

b) Eu não sei, não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes vivi

Era um sonho talvez... – foi um sonho –
em que paz tão serena a dormi!
Oh! que doce era aquele sonhar...
Quem me veio, ai de mim! despertar?

(Almeida Garrett – Romantismo português)

c) A mulher é um cata-vento
Vai ao vento,

Vai ao vento que soprar;
Como vai também ao vento
Turbulento,
Turbulento e incerto o mar.

(Machado de Assis – Realismo brasileiro)

d) Entre as ruínas de um convento,
De uma coluna quebrada

Sobre os destroços, ao vento,
Vive uma flor isolada.

(Alberto de Oliveira – Parnasianismo brasileiro)

e) A lua dava sensações inquietas
Às paisagens avérnicas em torno

E alguns demônios com perfis de ascetas
Dormiam no luar um sono morno...

(Cruz e Sousa – Simbolismo brasileiro)

Questão 4

Sobre Mário de Sá-Carneiro, é possível afirmar:

I. Mário ocupou posição de destaque entre os modernistas portugueses, tendo sido um dos fundadores da principal revista de divulgação dos ideais do movimento, a revista Orpheu.

II. A melancolia e o descontentamento são temas recorrentes em sua obra, e a inadaptação à vida, perceptível em seus poemas, levou o poeta ao suicídio no ano de 1916.

III. O escritor português escreveu os primeiros textos com características românticas. A segunda fase, no entanto, foi marcada pelo realismo. Mário de Sá-Carneiro foi um dos responsáveis pelo início do realismo em Portugal.

IV. Apresenta uma visão mais crítica da sociedade, diferente do romantismo que precedeu o movimento. Mário de Sá-Carneiro fugiu do estilo clássico de escrita, apostando em uma maior liberdade na elaboração do texto.

V. A personalidade sensível, o humor instável, o narcisismo e o sentimento de abandono culminaram em uma linguagem irônica e autossarcástica, principais características de sua poética.

a) III e IV.

b) I, III e V.

c) II e IV.

d) I, II e V.

e) Todas estão corretas.

Resposta - Questão 1

Alternativa “d”. Em 1915, ao lado de Fernando Pessoa, Raul Leal, Luís de Montalvor, Almada Negreiros e o brasileiro Ronald de Carvalho, Mário de Sá-Carneiro ajudou a fundar a revista Orpheu, primeira publicação literária a divulgar os ideais do Orfismo, movimento que também ficou conhecido como Primeira geração do Modernismo português.

Resposta - Questão 2

Alternativa “e”. As características descritas na alternativa “e” dizem respeito à obra de Fernando Pessoa, contemporâneo e amigo do escritor Mário de Sá-Carneiro.

Resposta - Questão 3

Alternativa “b”. Os poemas de Almeida Garrett e Mário de Sá-Carneiro apresentam alguns pontos de intersecção motivados pelas influências literárias que incidiram sobre as obras dos dois escritores. Nos dois poemas, podemos observar a confusão dos sentidos, o delírio, a alucinação e, ao mesmo tempo, certo narcisismo e egolatria. Em Dispersão, Mário exprime seu inconsciente e a dispersão que sentia do seu eu no mundo, elemento que revela sua incapacidade de se assumir como adulto.

Resposta - Questão 4

Alternativa “d”. As características descritas nas proposições III e IV fazem referência ao escritor Eça de Queirós, um dos expoentes do Realismo em Portugal.