Exercícios sobre poemas de Olavo Bilac

Estes exercícios sobre poemas de Olavo Bilac abordam as principais características da obra do maior representante do parnasianismo brasileiro.

Por Luana Castro Alves Perez
Questão 1

Língua portuguesa

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

Olavo Bilac

O poema Língua portuguesa, de Olavo Bilac, apresenta características que podem ser imediatamente associadas ao:

a) Romantismo, pois apresenta uma linguagem simples e acessível, com versos melódicos que exploram métricas e ritmos variados.

b) Arcadismo, pois seus versos representam o ideal árcade de valorização da vida simples e natural.

c) Realismo, pois apresenta uma linguagem culta e direta, além de descrições e adjetivações idealizantes.

d) Concretismo, pois prega o fim da poesia intimista e o desaparecimento do eu lírico e apresenta a estética da geometrização e visualização da linguagem.

e) Parnasianismo, pois apresenta vocabulário culto, gosto pelas descrições, rimas raras e o apreço pela métrica.

Questão 2

A UM POETA

Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, no silêncio e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica, mas sóbria, como um templo grego.

Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.

Olavo Bilac

Sobre o poema de Olavo Bilac, é correto afirmar apenas:

a) É um soneto metalinguístico, pois nele o poeta trata do próprio ato de escrever poemas. Há uma preocupação excessiva com a forma e, para alcançar a perfeição, o poeta trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua, conforme o último verso do primeiro quarteto do soneto.

b) Há um manejo especial de ritmos da linguagem com estranha combinação de rimas e recursos sonoros, como aliteração e assonância.

c) O irracionalismo dos versos parnasianos facilita a compreensão e interpretação do poema, escrito em tom denotativo.

d) Na busca de sugerir sensações, uma das principais características do parnasianismo, o poeta aproxima a poesia da música.

Questão 3

(PUCCAMP)

O ouro fulvo do ocaso as velhas casas cobre;

Sangram, em laivos de ouro, as minas, que a ambição

Na torturada entranha abriu da terra nobre;

E cada cicatriz brilha como um brasão.

O ângelo plange ao longe em doloroso dobre.

O último ouro do sol morre na cerração.

E, austero, amortalhando a urbe gloriosa e pobre,

O crepúsculo cai como uma extrema-unção.

Podemos reconhecer nas estrofes acima do poema Vila Rica, de Olavo Bilac, as seguintes características do estilo de época que marcou sua poesia:

a) Interesse pela descrição pormenorizada da paisagem, numa linguagem que procura impressionar os sentidos.

b) Uso do vocabulário próprio para acentuar o mistério, a realidade oculta das coisas, que deve ser sugerida por meio de símbolos.

c) Valorização do passado histórico, em busca da definição da nacionalidade brasileira.

d) Utilização exagerada de hipérboles, perífrases e antíteses, no desejo de não nomear diretamente as coisas, mas de fazer alusão a elas.

e) Busca de imagens naturais e vocabulário simples, predileção pelo verso branco e negação de inversões sintáticas.

Questão 4

(CEFET-PR)

E sobre mim, silenciosa e triste,

A Via-Láctea se desenrola

Como um jarro de lágrimas ardentes

Olavo Bilac

Sobre o fragmento poético, não é correto afirmar:

a) A “Via-Láctea” sofre um processo de personificação.

b) A cena é descrita de modo objetivo, sem interferência da subjetividade do eu poético.

c) A opção pelos sintagmas “desenrola” e “jarro de lágrimas ardente” visa a presentificar o movimento dos astros.

d) Há predomínio da linguagem figurada e descritiva.

e) A visão de mundo melancólica do emissor da mensagem se projeta sobre o objeto poetizado.

Resposta - Questão 1

Alternativa “e”. O parnasianismo, escola literária que teve Olavo Bilac como seu principal representante, apresenta uma linguagem universalizante que busca a contenção dos sentimentos e a perfeição formal. A própria poesia e o fazer poético constam como principais temas da estética parnasiana, como pudemos observar no soneto Língua portuguesa.

Resposta - Questão 2

Alternativa “a”. A poesia parnasiana de Olavo Bilac pregou a rejeição do “excesso de lágrimas” e da linguagem coloquial e declamatória do Romantismo, valorizando o cuidado formal e a expressão mais contida dos sentimentos, com um vocabulário elaborado (às vezes, incompreensível por ser tão culto) e racionalista, além de uma temática voltada para assuntos universais.

Resposta - Questão 3

Alternativa “a”.

Resposta - Questão 4

Alternativa “b”. Embora valorizasse a forma, a estrutura e a construção dos versos, Olavo Bilac não era um escritor frio, incapaz de escrever com sentimento. No poema Via-Láctea, o eu lírico trava um diálogo imaginário com o leitor, empregando um vocabulário diferente daquele encontrado na maioria dos poemas parnasianos, vocabulário que sugere proximidade e afetividade. Além do vocabulário, é possível observar também o emprego de sinestesias, recurso que convida o leitor a partilhar da experiência do eu lírico.