Enem: lista de exercícios sobre funções da linguagem

Com esta lista de exercícios, você testa seus conhecimentos sobre as funções da linguagem, assunto sempre presente na prova de Linguagens do Enem. Publicado por: Maria Beatriz
Questão 1

(Enem 2020 / Aplicação Digital)

Campanha publicitária sobre a importância do voto

Disponível em: www.ricmais.com.br. Acesso em: 10 nov. 2011 (adaptado).

De acordo com as intenções comunicativas e os recursos linguísticos que se destacam, determinadas funções são atribuídas à linguagem. A função que predomina nesse texto é a conativa, uma vez que ele

a) atua sobre o interlocutor, procurando convencê-lo a realizar sua escolha de maneira consciente.

b) coloca em evidência o canal de comunicação pelo uso das palavras “corrige” e “confirma”.

c) privilegia o texto verbal, de base informativa, em detrimento do texto não verbal.

d) usa a imagem como único recurso para interagir com o público a que se destina.

e) evidencia as emoções do enunciador ao usar a imagem de uma criança.

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Resposta

Letra A. A função conativa é caracterizada por uma linguagem persuasiva que mantém o intuito de estabelecer o convencimento. Essa função predomina no texto à medida que o enunciado é elaborado com verbos no imperativo e pronomes de tratamento que evidenciam uma relação dialógica, mantendo o foco da comunicação na mobilização de leitores a favor de uma postura consciente durante as eleições.

Questão 2

Aprenda a chamar a polícia

Eu tenho o sono muito leve, e numa noite dessas notei que havia alguém andando sorrateiramente no quintal de casa. Levantei em silêncio e fiquei acompanhando os leves ruídos que vinham lá de fora, até ver uma silhueta passando pela janela do banheiro. Como minha casa era muito segura, com grades nas janelas e trancas internas nas portas, não fiquei muito preocupado, mas era claro que eu não ia deixar um ladrão ali, espiando tranquilamente. Liguei baixinho para a polícia, informei a situação e o meu endereço. Perguntaram-me se o ladrão estava armado ou se já estava no interior da casa. Esclareci que não e disseram-me que não havia nenhuma viatura por perto para ajudar, mas que iriam mandar alguém assim que fosse possível. Um minuto depois liguei de novo e disse com a voz calma: — Oi, eu liguei há pouco porque tinha alguém no meu quintal. Não precisa mais ter pressa. Eu já matei o ladrão com um tiro da escopeta calibre 12, que tenho guardada em casa para estas situações. O tiro fez um estrago danado no cara! Passados menos de três minutos, estavam na minha rua cinco carros da polícia, um helicóptero, uma unidade do resgate, uma equipe de TV e a turma dos direitos humanos, que não perderiam isso por nada neste mundo. Eles prenderam o ladrão em flagrante, que ficava olhando tudo com cara de assombrado. Talvez ele estivesse pensando que aquela era a casa do Comandante da Polícia. No meio do tumulto, um tenente se aproximou de mim e disse: — Pensei que tivesse dito que tinha matado o ladrão. Eu respondi: — Pensei que tivesse dito que não havia nenhuma viatura disponível.

Luis Fernando Veríssimo

Disponível em: https://armazemdetexto.blogspot.com/2020/07/cronica-aprenda-chamar-policia-luis.html. Acesso em: 22 jul. 2021.

Predomina nesse texto a função da linguagem que se constitui

a) na organização da mensagem a partir de critérios estéticos que objetivam envolver os leitores na narrativa.

b) no retrato das distintas condutas assumidas pelo referente em situações diversas.

c) no intento de se escrever uma crônica tendo como objeto referenciado a própria crônica.

d) no uso de interjeições que destacam, no texto, o ato comunicacional.

e) no registro de uma experiência pessoal, sob uma visão parcial dos fatos.

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Resposta

Letra E. O texto em questão é uma crônica de Luis Fernando Veríssimo, a qual, narrada em primeira pessoa — o que caracteriza a função emotiva da linguagem —, relata as experiências pessoais do emissor sob um ponto de vista individual, com a intenção de gerar humor a partir de uma situação inusitada vivenciada.

Questão 3

(Enem 2018)

Deficientes visuais já podem ir a algumas salas de cinema e teatros para curtir, em maior intensidade, as atrações em cartaz. Quem ajuda na tarefa é o aplicativo Whatscine, recém-chegado ao Brasil e disponível para os sistemas operacionais iOS (Apple) ou Android (Google). Ao ser conectado à rede wi-fi de cinemas e teatros, o app sincroniza um áudio que descreve o que ocorre na tela ou no palco com o espetáculo em andamento: o usuário, então, pode ouvir a narração em seu celular.

O programa foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Carlos III, em Madri. “Na Espanha, 200 salas de cinema já oferecem o recurso e filmes de grandes estúdios já são exibidos com o recurso do Whatscine!”, diz o brasileiro Luis Mauch, que trouxe a tecnologia para o país. “No Brasil, já fechamos parceria com a São Paulo Companhia de Dança para adaptar os espetáculos deles! Isso já é um avanço. Concorda?”

Disponível em: http//veja.abril.com.br.
Acesso em: 25 jun. 2014 (adaptado).

Por ser múltipla e apresentar peculiaridades de acordo com a intenção do emissor, a linguagem apresenta funções diferentes. Nesse fragmento, predomina a função referencial da linguagem, porque há a presença de elementos que

a) buscam convencer o leitor, incitando o uso do aplicativo.

b) definem o aplicativo, revelando o ponto de vista da autora.

c) evidenciam a subjetividade, explorando a entonação emotiva.

d) expõem dados sobre o aplicativo, usando linguagem denotativa.

e) objetivam manter um diálogo com o leitor, recorrendo a uma indagação.

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Resposta

Letra D. A função referencial da linguagem predomina em textos que transmitem uma informação objetiva, mediante exposição de dados da realidade. Essa é a característica fundamental do fragmento acima, considerando o caráter dissertativo em torno da disponibilidade de um novo aplicativo que auxiliará pessoas com deficiência, a partir de uma linguagem literal e da articulação objetiva das ideias.

Questão 4

“Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar, porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir.”

Cora Coralina

No texto, a função emotiva da linguagem pode ser identificada por meio da característica indicada em

a) objetividade da informação transmitida, ausentando-se juízo de valor sobre o tema.

b) emprego de formas verbais no pretérito, mantendo uma relação comparativa entre o eu passado e o eu presente.

c) evidência do código reproduzido por meio dele próprio, esclarecendo o assunto principal.

d) mensagem centrada no emissor, deixando claros seus anseios e suas percepções sobre a própria vida.

e) presença de marcas de interlocução, legitimando o canal de comunicação.

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Resposta

Letra D. Dotada de expressividade e de subjetividade, a frase dita por Cora Coralina é de função emotiva, pois deixa claro o envolvimento pessoal do emissor. Isso pode ser percebido pelo emprego de pronomes pessoais que fazem referência a si própria, bem como no relato de percepções pessoais sobre a vida.

Questão 5

(Enem 2017)

TEXTO I

Fundamentam-se as regras da Gramática Normativa nas obras dos grandes escritores, em cuja linguagem as classes ilustradas põem o seu ideal de perfeição, porque nela é que se espelha o que o uso idiomático estabilizou e consagrou.

LIMA, C. H. R. Gramática normativa da língua portuguesa, Rio de Janeiro José Olympio, 1989

TEXTO II

Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar. As palavras são para mim corpos tocáveis, sereias visíveis, sensualidades incorporadas. Talvez porque a sensualidade real não tem para mim interesse de nenhuma espécie — nem sequer mental ou de sonho —, transmudou-se-me o desejo para aquilo que em mim cria ritmos verbais, ou os escuta de outros. Estremeço se dizem bem. Tal página de Fialho, tal página de Chateaubriand, fazem formigar toda a minha vida em todas as veias, fazem-me raivar tremulamente quieto de um prazer inatingível que estou tendo. Tal página, até, de Vieira, na sua fria perfeição de engenharia sintáctica, me faz tremer como um ramo ao vento, num delírio passivo de coisa movida.

PESSOA, F. O livro do desassossego. São Paulo: Brasiliense, 1986.

A linguagem cumpre diferentes funções no processo de comunicação. A função que predomina nos textos I e II

a) destaca o “como” se elabora a mensagem, considerando-se a seleção, combinação e sonoridade do texto.

b) coloca o foco no “com o que” se constrói a mensagem, sendo o código utilizado o seu próprio objeto.

c) focaliza o “quem” produz a mensagem, mostrando seu posicionamento e suas impressões pessoais.

d) orienta-se no “para quem” se dirige a mensagem, estimulando a mudança de seu comportamento.

e) enfatiza sobre “o quê” versa a mensagem, apresentada com palavras precisas e objetivas.

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Resposta

Letra B. No texto I, Rocha Lima discorre sobre a gramática normativa numa perspectiva denotativa e impessoal; no texto II, Fernando Pessoa explora um discurso subjetivo e de tom poético ao fazer referência ao valor dado pelo eu-lírico às palavras. A intersecção entre os dois textos se dá à medida que ambos são construídos em referência à língua portuguesa, de modo a evidenciar uma referência do texto à própria composição. Tem-se, assim, a função metalinguística predominante, que se estrutura com o foco dado ao elemento da comunicação com que se constrói a mensagem: o próprio código.

Questão 6

Diálogo de todo dia

— Alô, quem fala?

— Ninguém. Quem fala é você que está perguntando quem fala.

— Mas eu preciso saber com quem estou falando.

— E eu preciso saber antes a quem estou respondendo.

— Assim não dá. Me faz o obséquio de dizer quem fala?

— Todo mundo fala, meu amigo, desde que não seja mudo.

— Isso eu sei, não precisava me dizer como novidade. Eu queria saber é quem está no aparelho.

— Ah, sim. No aparelho não está ninguém.

— Como não está, se você está me respondendo?

— Eu estou fora do aparelho. Dentro do aparelho não cabe ninguém.

— Engraçadinho. Então, quem está fora do aparelho?

— Agora melhorou. Estou eu, para servi-lo.

— Não parece. Se fosse para me servir já teria dito quem está falando.

— Bem, nós dois estamos falando. Eu de cá, você de lá. E um não conhece o outro.

— Se eu conhecesse não estava perguntando.

— Você é muito perguntador. Pois se fui eu que telefonei.

— Não perguntei nem vou perguntar. Não estou interessado em conhecer outras pessoas.

— Mas podia estar interessado pelo menos em responder a quem telefonou.

— Estou respondendo.

— Pela última vez, cavalheiro, e em nome de Deus: quem fala?

— Pela última vez, e em nome da segurança, por que eu sou obrigado a dar esta informação a um desconhecido?

— Bolas!

— Bolas digo eu. Bolas e carambolas. Por acaso você não pode dizer com quem deseja falar, para eu lhe responder se essa pessoa está ou não aqui, mora ou não mora neste endereço? Vamos, diga de uma vez por todas: com quem deseja falar?

Silêncio.

— Vamos, diga: com quem deseja falar?

— Desculpe, a confusão é tanta que eu nem sei mais. Esqueci. Tchau.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Diálogo de todo dia. In: Para gostar de ler Júnior. v. 3. São Paulo: Ática, 2001. p. 21–22.

Na crônica de Carlos Drummond de Andrade, a confusão entre os falantes é desencadeada por um trecho em que predomina a função da linguagem

a) conativa, pois pretende-se saber com quem se fala e, por isso, o emissor se direciona ao receptor.

b) fática, pois a pergunta sobre quem fala inicia o diálogo ao abrir o canal de comunicação.

c) poética, pois ressai a intenção de construir uma narrativa humorística a partir de um jogo de linguagem.

d) fática, pois o autor vale-se de marcas de oralidade ao longo do diálogo, como “Ah, sim”, “engraçadinho” e “bolas!”.

e) emotiva, pois emprega-se uma linguagem predominantemente figurativa, o que atribui ao texto um caráter de intimidade.

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Letra B. A função fática da linguagem marca a primeira fala do diálogo ao abrir o canal de comunicação (Alô, quem fala?). É a partir desse trecho que se desencadeia a confusão entre os falantes, posto que um dos interlocutores não corresponde à pergunta inicial e, a partir daí, constrói-se um diálogo inesperado.

Questão 7

(Enem 2015)

Perder a tramontana

A expressão ideal para falar de desorientados e outras palavras de perder a cabeça

É perder o norte, desorientar-se. Ao pé da letra, “perder a tramontana” significa deixar de ver a estrela polar, em italiano stella tramontana, situada do outro lado dos montes, que guiava os marinheiros antigos em suas viagens desbravadoras.

Deixar de ver a tramontana era sinônimo de desorientação. Sim, porque, para eles, valia mais o céu estrelado que a terra. O Sul era região desconhecida, imprevista; já o Norte tinha como referência no firmamento um ponto luminoso conhecido como a estrela Polar, uma espécie de farol para os navegantes do Mediterrâneo, sobretudo os genoveses e os venezianos. Na linguagem deles, ela ficava transmontes, para além dos montes, os Alpes. Perdê-la de vista era perder a tramontana, perder o Norte. No mundo de hoje, sujeito a tantas pressões, muita gente não resiste a elas e entra em parafuso. Além de perder as estribeiras, perde a tramontana...

COTRIM, M. Língua Portuguesa, n. 15, jan. 2007.

Nesse texto, o autor remonta às origens da expressão “perder a tramontana”. Ao tratar do significado dessa expressão, utilizando a função referencial da linguagem, o autor busca

a) apresentar seus indícios subjetivos.

b) convencer o leitor a utilizá-la.

c) expor dados reais de seu emprego.

d) explorar sua dimensão estética.

e) criticar sua origem conceitual.

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Letra C. No texto, predomina a função referencial da linguagem, percebida na articulação objetiva das ideias em favor da apresentação dos significados de uma expressão de uso comum, com destaque à origem do termo e à recorrência do uso. O autor busca, portanto, a mera exposição de dados da realidade, isto é, do emprego da expressão “perder a tramontana”.

Questão 8

Soneto da fidelidade

Vinícius de Moraes

De tudo, ao meu amor serei atento antes
E com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure

Disponível em: <https://www.letras.mus.br/vinicius-de-moraes/86563/>. Acesso em: 22 jul. 2021.

No texto de Vinícius de Moraes, o poeta emprega figuras de linguagem como um recurso de subjetividade da mensagem. Considerando essa característica, a função da linguagem que predomina nesse poema é

a) emotiva, pois focaliza os sentimentos do emissor da mensagem e não depende de um planejamento para a construção estrutural do texto.

b) conativa, pois direciona a mensagem ao receptor dela e busca tocá-lo sentimentalmente.

c) fática, pois são recorrentes marcas de interlocução que revelam o caráter dialógico do texto.

d) poética, pois a construção da mensagem tem como objetivo valorizar a estética textual associada ao sentimentalismo do eu-lírico.

e) referencial, pois os verbos articulados na terceira pessoa permitem que o foco recaia sobre o contexto de comunicação.

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Letra D. Predomina nesse texto a função poética da linguagem, identificada pela preocupação com o modo em que um discurso será emitido e pela recorrência de elementos figurativos na construção textual, como as rimas, figuras de som e o pleonasmo (em “rir meu riso”), uma figura de pensamento.

Questão 9

(Enem 2020)

Vou-me embora p’ra Pasárgada foi o poema de mais longa gestação em toda a minha obra. Vi pela primeira vez esse nome Pasárgada quando tinha os meus dezesseis anos e foi num autor grego. [...] Esse nome de Pasárgada, que significa “campo dos persas” ou “tesouro dos persas”, suscitou na minha imaginação uma paisagem fabulosa, um país de delícias, como o de L’invitation au Voyage, de Baudelaire. Mais de vinte anos depois, quando eu morava só na minha casa da Rua do Curvelo, num momento de fundo desânimo, da mais aguda sensação de tudo o que eu não tinha feito em minha vida por motivo da doença, saltou-me de súbito do subconsciente este grito estapafúrdio: “Vou-me embora p’ra Pasárgada!”. Senti na redondilha a primeira célula de um poema, e tentei realizá-lo, mas fracassei. Alguns anos depois, em idênticas circunstâncias de desalento e tédio, me ocorreu o mesmo desabafo de evasão da “vida besta”. Desta vez o poema saiu sem esforço como se já estivesse pronto dentro de mim. Gosto desse poema porque vejo nele, em escorço, toda a minha vida; [...] Não sou arquiteto, como meu pai desejava, não fiz nenhuma casa, mas reconstruí e “não de uma forma imperfeita neste mundo de aparências”, uma cidade ilustre, que hoje não é mais a Pasárgada de Ciro, e sim a “minha” Pasárgada.

BANDEIRA, M. Itinerário de Pasárgada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; Brasília: INL, 1984.

Os processos de interação comunicativa preveem a presença ativa de múltiplos elementos da comunicação, entre os quais se destacam as funções da linguagem. Nesse fragmento, a função da linguagem predominante é a

a) emotiva, porque o poeta expõe os sentimentos de angústia que o levaram à criação poética.

b) referencial, porque o texto informa sobre a origem do nome empregado em um famoso poema de Bandeira.

c) metalinguística, porque o poeta tece comentários sobre a gênese e o processo de escrita de um de seus poemas.

d) poética, porque o texto aborda os elementos estéticos de um dos poemas mais conhecidos de Bandeira.

e) apelativa, porque o poeta tenta convencer os leitores sobre sua dificuldade de compor um poema.

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Letra C. No texto de Bandeira, nota-se a presença da função metalinguística, considerando que o autor utiliza elementos do próprio poema “Vou-me embora p’ra Pasárgada” para justificar a origem e o processo de escrita do texto referenciado. É o código utilizando o próprio código para explicá-lo.

Questão 10

Anúncio publicitário em torno da temática da sustentabilidade

Disponível em: <https://www.comunique9.com.br/2008/09/coma-este-anncio_22.html>. Acesso em 22 jul. 2021.

A agência Loducca criou um anúncio comestível para divulgar a pesquisa Dossiê Universo Jovem da MTV. A proposta é ser um anúncio autossustentável, já que o tema da pesquisa é sustentabilidade. Considerando suas finalidades comunicativas, pode-se afirmar que o cartaz

a) alcança os interlocutores a partir de uma estratégia persuasiva centrada no modo verbal.

b) utiliza o código como uma forma de estimular o consumo do produto divulgado na publicidade.

c) foca nas intenções do emissor da mensagem para comunicar a importância da sustentabilidade.

d) emprega a linguagem conotativa para despertar o interesse pelo assunto divulgado.

e) mantém o compromisso com o caráter informativo da mensagem com objetividade na apresentação do tema.

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Letra A. A função social do cartaz está centrada na tentativa de mobilizar os interlocutores em prol da sustentabilidade. Para isso, explora recursos criativos na publicidade e desperta a atenção dos leitores pelo chamamento a uma ação específica, dado a partir da conjugação verbal no imperativo “coma (você)”. Esse caráter persuasivo presente no anúncio caracteriza a função conativa da linguagem.

Questão 11

Verbete conotativo do substantivo aniversário

DOEDERLEIN, J. O livro dos ressignificados. São Paulo: Parábola, 2017.

Nessa simulação de verbete de dicionário, não há a predominância da função metalinguística da linguagem, como seria de se esperar. Identificam-se elementos que subvertem o gênero por meio da incorporação marcante de características da função

a) conativa, como em “(valeu, galera)!”.

b) referencial, como em “é festejar o próprio ser.”

c) poética, como em “é a felicidade fazendo visita.”

d) emotiva, como em “é quando eu esqueço o que não importa.”

e) fática, como em “é o dia que recebo o maior número de ligações no meu celular.”

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Letra D. A função emotiva da linguagem é predominante no texto, tendo em vista a subjetividade com que se descreve o verbete “aniversário”. O autor ressignifica o conceito a partir de uma visão pessoal dos fatos, apresentando o evento a partir de situações importantes para si e de ações que despertam o sentimentalismo do emissor, como o abraçar e o presentear dos amigos. A pessoalidade característica dessa função pode ser percebida na conjugação pessoal, por exemplo, em “é quando eu esqueço o que não importa”.

Questão 12

TEXTO I

Somos brasileiros ou brasilianos?

Por 500 anos mentiram para nós. Esconderam um dado muito importante sobre o Brasil. Disseram-nos que éramos brasileiros. Que éramos cidadãos brasileiros, que deveríamos ajudar os outros, pagando impostos sem reclamar nem esperar muito em troca. Esconderam todo esse tempo o fato de que o termo brasileiro não é sinônimo de cidadania, e sim o nome de uma profissão. Brasileiro rima com padeiro, pedreiro, ferreiro. Brasileiro era a profissão daqueles portugueses que viajavam para o Brasil, ficavam alguns meses e voltavam com ouro, prata e pau-brasil, tiravam tudo o que podiam, sem nada deixar em troca. Brasileiros não veem o Brasil como uma nação, mas uma terra a ser explorada, o mais rápido possível. Investir no país é considerado uma burrice. Constituir uma família e mantê-la saudável, um atraso de vida. São esses brasileiros que viraram os bandidos e salafrários de hoje, que sonham com uma boquinha pública ou privada, que só querem tirar vantagem em tudo. Só que você, caro leitor, é um brasiliano. Brasiliano rima com italiano indiano, australiano. Brasiliano não é profissão, mas uma declaração de cidadania. Rima com americano, puritano, aqueles abnegados que cruzaram o Atlântico para criar um mundo melhor, uma família, uma nova nação. Que vieram plantar e tentar colher os frutos de seu trabalho, sempre dando algo em troca pelo que receberam dos outros. Gente que veio para ficar, criar uma comunidade, um lar. Que investiu em escolas e educação para os filhos e produziu para consumo interno. Foram os brasilianos que fizeram esta nação, em que se incluem índios, negros e milhões de imigrantes italianos, espanhóis, japoneses, portugueses, poloneses e alemães que criaram raízes neste país.

KANITZ, Stephen. Somos brasileiros ou brasilianos? Revista Veja, Editora Abril, edição 2040, ano 40, nº 51. 2007.

TEXTO II

Pacato cidadão

Skank

Oh! Pacato cidadão!
Eu te chamei a atenção
Não foi à toa, não
C’est fini la utopia
Mas a guerra todo dia
Dia a dia, não

Eu tracei a vida inteira
Planos tão incríveis
Tramo a luz do Sol
Apoiado em poesia
E em tecnologia
Agora à luz do Sol

Pacato cidadão!
É o pacato da civilização
Pacato cidadão!
É o pacato da civilização

Oh! Pacato cidadão!
Eu te chamei a atenção
Não foi à toa, não
C’est fini la utopia
Mas a guerra todo dia
Dia a dia, não

E tracei a vida inteira
Planos tão incríveis
Tramo a luz do Sol
Apoiado em poesia
E em tecnologia
Agora à luz do Sol

Pra que tanta TV
Tanto tempo pra perder
Qualquer coisa que se queira
Saber querer
Tudo bem, dissipação
De vez em quando é bão
Misturar o brasileiro com alemão
Pacato cidadão!
É o pacato da civilização

[...]

Disponível em: <https://www.letras.mus.br/skank/72338/>. Acesso em 22 jul. 2021.

Ambos os textos apresentam um retrato sobre o cidadão brasileiro e ressaltam a importância de o povo assumir uma postura ativa quanto a assuntos sociais e políticos. Uma das diferenças que se estabelece entre os textos é que

a) o texto I sugere que o emissor se mantém orgulhoso da postura do brasileiro, enquanto o texto II repudia a postura passiva desse povo.

b) a letra da música privilegia a função social de persuadir o público a se sentir parte das questões essenciais que definem a vida social do brasileiro.

c) o artigo jornalístico cumpre a função de transmitir emoções e sensações, mais do que a letra da música.

d) apesar de em ambos predominar a mesma função da linguagem, o primeiro é construído em linhas e parágrafos, enquanto o segundo, em versos e estrofes.

e) a função poética predomina no texto II, enquanto o artigo de opinião é majoritariamente de caráter referencial, ainda que haja marcas de juízo de valor ao longo da dissertação.

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Letra E. Enquanto a canção da banda Skank explora aspectos estéticos que compõem uma crítica à postura dos cidadãos, configurando a função poética da linguagem como a predominante, o texto de Stephen Kanitz, de forma geral, transmite informações objetivas sobre a distinção de dois vocábulos: brasileiros e brasilianos, ainda que, em determinados momentos do texto, o autor coloque-se de forma opinativa.

Questão 13

(Enem 2018)

A imagem da negra e do negro em produtos de beleza e a estética do racismo

Resumo: Este artigo tem por finalidade discutir a representação da população negra, especialmente da mulher negra, em imagens de produtos de beleza presentes em comércios do nordeste goiano. Evidencia-se que a presença de estereótipos negativos nessas imagens dissemina um imaginário racista apresentado sob a forma de uma estética racista que camufla a exclusão e normaliza a inferiorização sofrida pelos(as) negros(as) na sociedade brasileira. A análise do material imagético aponta a desvalorização estética do negro, especialmente da mulher negra, e a idealização da beleza e do branqueamento a serem alcançados por meio do uso dos produtos apresentados. O discurso midiático-publicitário dos produtos de beleza rememora e legitima a prática de uma ética racista construída e atuante no cotidiano. Frente a essa discussão, sugere-se que o trabalho antirracismo, feito nos diversos espaços sociais, considere o uso de estratégias para uma “descolonização estética” que empodere os sujeitos negros por meio de sua valorização estética e protagonismo na construção de uma ética da diversidade. Palavras-chave: Estética, racismo, mídia, educação, diversidade.

SANT’ANA, J. A imagem da negra e do negro em produtos de beleza e a estética do racismo. Dossiê: trabalho e educação básica. Margens Interdisciplinar. Versão digital. Abaetetuba, n.16, jun. 2017 (adaptado).

O cumprimento da função referencial da linguagem é uma marca característica do gênero resumo de artigo acadêmico. Na estrutura desse texto, essa função é estabelecida pela

a) impessoalidade, na organização da objetividade das informações, como em “Este artigo tem por finalidade” e “Evidencia-se”.

b) seleção lexical, no desenvolvimento sequencial do texto, como em “imaginário racista” e “estética do negro”.

c) metaforização, relativa à construção dos sentidos figurados, como nas expressões “descolonização estética” e “discurso midiático-publicitário”.

d) nominalização, produzida por meio de processos derivacionais na formação de palavras, como “inferiorização” e “desvalorização”.

e) adjetivação, organizada para criar uma terminologia antirracista, como em “ética da diversidade” e “descolonização estética”.

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Letra A. O gênero resumo é constituído por uma síntese das ideias de um texto. Para isso, utiliza-se uma linguagem denotativa a fim de transmitir a informação sobre determinado objeto (“este artigo [...]”). Além disso, o emissor coloca-se distante durante exposição de ideias, tendo em vista a impessoalidade (marcada pela voz passiva em “evidencia-se”, em vez de “eu evidencio”) e a objetividade que caracterizam a organização do discurso.

Questão 14

“[...] ‘ela está dizendo que era um arpéu’ disse o homem das mãos de gancho, falando pelo walkie-talkie ‘não sei, chefe. Certo, chefe. Certo, chefe, claro que eu sei muito bem que ela é sua. Certo, chefe.’”

LEMONY, Snicket. Desventuras em Série 1 — Mau começo. EUA, 1999.

No diálogo retirado da obra de Snicket Lemony, destaca-se a presença da função fática da linguagem porque

a) a personagem constrói frases curtas e repetitivas com a intenção de, na verdade, manter a comunicação com o outro falante, seu chefe.

b) faz-se uma paráfrase do que foi dito pela personagem na situação narrada.

c) reproduz o diálogo entre dois interlocutores numa interação de perguntas e respostas completas.

d) transmite a sensação de apreensão vivida pela personagem que conversa com seu suposto chefe.

e) o trecho se constrói com frases curtas com a intenção de otimizar o processo de leitura e de compreensão do diálogo.

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Letra A. A função fática da linguagem é percebida no fragmento de texto pela tentativa de manter a comunicação a partir do foco dado ao canal, considerando principalmente que as afirmativas não buscam oferecer informações de valor intrínseco, mas sim sinalizar a disposição de diálogo, mantendo o canal aberto.

Questão 15

(Enem 2019)

O Instituto de Arte de Chicago disponibilizou para visualização on-line, compartilhamento ou download (sob licença Creative Commons), 44 mil imagens de obras de arte em altíssima resolução, além de livros, estudos e pesquisas sobre a história da arte.

Para o historiador da arte, Bendor Grosvenor, o sucesso das coleções on-line de acesso aberto, além de democratizar a arte, vem ajudando a formar um novo público museológico. Grosvenor acredita que quanto mais pessoas forem expostas à arte on-line, mais visitas pessoais acontecerão aos museus.

A coleção está disponível em seis categorias: paisagens urbanas, impressionismo, essenciais, arte africana, moda e animais. Também é possível pesquisar pelo nome da obra, estilo, autor ou período. Para navegar pela imagem em alta definição, basta clicar sobre ela e utilizar a ferramenta de zoom. Para fazer o download, disponível para obras de domínio público, é preciso utilizar a seta localizada do lado inferior direito da imagem.

Disponível em: www.revistabula.com. Acesso em: 5 dez. 2018 (adaptado).

A função da linguagem que predomina nesse texto se caracteriza por

a) evidenciar a subjetividade da reportagem com base na fala do historiador de arte.

b) convencer o leitor a fazer o acesso on-line, levando-o a conhecer as obras de arte.

c) informar sobre o acesso às imagens por meio da descrição do modo como acessá-las.

d) estabelecer interlocução com o leitor, orientando-o a fazer o download das obras de arte.

e) enaltecer a arte, buscando popularizá-la por meio da possibilidade de visualização on-line.

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Letra C. A função da linguagem que predomina nesse texto se caracteriza pela transmissão de uma informação objetiva sobre o acesso às imagens de obras de arte a partir de um veículo on-line. O caráter expositivo e impessoal do texto destaca a presença marcante da função referencial da linguagem.

Questão 16

Cachorro salva a vida de dona durante incêndio nos EUA

King acordou Lacresha Slappy e a guiou em segurança para fora de casa. Animal foi um presente recebido após a morte do filho; ‘um verdadeiro herói’, diz irmã da mulher salva.

Lacresha Slappy, uma moradora da cidade de Wilmington, na Carolina do Norte, diz que deve sua vida a King, o cão que ganhou depois que seu filho morreu, há quase um ano. O animal a salvou de um incêndio em sua casa na segunda-feira (25).

Foi King quem percebeu o início do fogo, acordou sua dona e a guiou em segurança para fora da residência. 

“Fui acordada pelo meu cachorro, puxando meu cabelo e me arranhando, e isso não é normal no comportamento dele”, contou a mulher à emissora NBC. Foi então que ela percebeu as chamas, que já se espalhavam rapidamente. 

“Eu senti que ia morrer. Então corri até a janela, mas era como se o fogo estivesse vindo até mim através das paredes. Eu me senti como se estivesse presa, e meu cachorro me levou em direção à porta”, explicou, lembrando que ficou desorientada com o incêndio.

Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/01/29/cachorro-salva-a-vida-de-dona-durante-incendio-nos-eua.ghtml>. Acesso em: 22 jul. 2021

Toda linguagem é utilizada para comunicar algo a alguém. Sendo assim, considerando os elementos que constituem a comunicação, aquele que predomina no texto da questão é

a) a mensagem, já que a estrutura textual ressai em relação aos demais aspectos da redação.

b) o receptor, considerando que o objetivo maior da notícia é informar leitores sobre o ocorrido em determinado tempo e lugar.

c) o emissor, visto que o jornal visa à promoção de si próprio com a divulgação de informações diariamente.

d) o canal, sendo o veículo de informação importante e, por isso, enfatizado mais de uma vez na mensagem.

e) o referente, porque a mensagem é centrada na necessidade de transmitir ao interlocutor dados verdadeiros sobre o assunto abordado.

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Resposta

Letra E. O elemento da comunicação que predomina na notícia é o referente, já que o objetivo do texto é comunicar os leitores sobre o evento decorrido, com foco na informação transmitida de forma verdadeira, impessoal e concreta.

Questão 17

(Enem 2020)

O resgate de um barco com 25 imigrantes africanos na costa do Maranhão reacendeu a discussão sobre o quanto o Brasil estaria, cada vez mais, atraindo pessoas de outros países em busca de refúgio ou de melhores condições de vida.

O país recebeu 33.866 pedidos de refúgio de imigrantes no ano de 2017, segundo um relatório recente do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), do Ministério da Justiça.

A definição clássica de refugiado é “o imigrante que sofre de fundado temor de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas”.

No entanto, a Acnur, agência da ONU para refugiados, já tem um entendimento ampliado do que pode configurar um refugiado, incorporando também as características de uma crise humanitária: fome generalizada, ausência de acesso a medicamentos e serviços básicos e perda de renda.

Disponível em: www.bbc.com. Acesso em: 22 maio 2018 (adaptado).

Nesse texto, a função metalinguística tem papel fundamental, pois revela que o direito de o imigrante ser tratado como refugiado no Brasil depende do(a)

a) número de pedidos de refúgio já registrados no relatório do Conare.

b) compreensão que o Ministério da Justiça tem da palavra “refugiado”.

c) crise humanitária que se abate sobre os países mais pobres do mundo.

d) profundidade da crise econômica pela qual passam determinados países.

e) autorização da Acnur, que gerencia a distribuição de refugiados pelos países.

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Letra B. Predomina a função metalinguística no trecho “o imigrante que sofre de fundado temor de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas”, considerando a utilização do código como elemento da comunicação essencial para explicar ele próprio. Essa estratégia dissertativa é empregada no texto, certamente, como uma forma de esclarecimento sobre a realidade problemática do refugiado, visando à compreensão e à mobilização das autoridades competentes a acolhê-los.

Questão 18

(Enem 2020)

As cartas de amor

deveriam ser fechadas

com a língua.

Beijadas antes de enviadas.

Sopradas. Respiradas.

O esforço do pulmão

capturado pelo envelope,

a letra tremendo

como uma pálpebra.

Não a cola isenta, neutra,

mas a espuma, a gentileza,

a gripe, o contágio.

Porque a saliva

acalma um machucado.

As cartas de amor

deveriam ser abertas

com os dentes.

CARPINEJAR, F. Como no céu. Rio de Janeiro: Bertrand Russel, 2005.

No texto predomina a função poética da linguagem, pois ele registra uma visão imaginária e singularizada de mundo, construída por meio do trabalho estético da linguagem. A função conativa também contribui para esse trabalho na medida em que o enunciador procura

a) influenciar o leitor em relação aos sentimentos provocados por uma carta de amor, por meio de opiniões pessoais.

b) definir com objetividade o sentimento amoroso e a importância das cartas de amor.

c) alertar para consequências perigosas advindas de mensagens amorosas.

d) esclarecer como devem ser escritas as mensagens sentimentais nas cartas de amor.

e) produzir uma visão ficcional do sentimento amoroso presente em cartas de amor.

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Letra A. A função conativa da linguagem caracteriza-se fundamentalmente pela intenção de persuasão, isto é, de influenciar os leitores a exercer determinada ação. Nesse texto, ao passo que o autor focaliza a mensagem como elemento da comunicação predominante, também se descrevem as ações e os sentimentos que compõem o processo de escrita de cartas de amor: “a letra tremendo como uma pálpebra”, “abertas com os dentes”, alcançando o interlocutor por meio da apelação.

Questão 19

Ilha das Flores

Estamos em Belém Novo, município de Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul, no extremo sul do Brasil, mais precisamente na latitude 30 graus, 2 minutos e 15 segundos Sul e longitude 51 graus, 13 minutos e 13 segundos Oeste. Caminhamos neste momento numa plantação de tomates e podemos ver à frente, em pé, um ser humano, no caso, um japonês. Os japoneses se distinguem dos demais seres humanos pelo formato dos olhos, por seus cabelos lisos e por seus nomes característicos. O japonês em questão chama-se Toshiro. Os seres humanos são animais mamíferos, bípedes, que se distinguem dos outros mamíferos, como a baleia, ou bípedes, como a galinha, principalmente por duas características: o telencéfalo altamente desenvolvido e o polegar opositor. O telencéfalo altamente desenvolvido permite aos seres humanos armazenar informações, relacioná-las, processá-las e entendê-las. O polegar opositor permite aos seres humanos o movimento de pinça dos dedos, o que, por sua vez, permite a manipulação de precisão. O telencéfalo altamente desenvolvido, somado à capacidade de fazer o movimento de pinça com os dedos, deu ao ser humano a possibilidade de realizar um sem-número de melhoramentos em seu planeta, entre eles, plantar tomates. O tomate, ao contrário da baleia, da galinha, dos japoneses e dos demais seres humanos, é um vegetal. Fruto do tomateiro, o tomate passou a ser cultivado pelas suas qualidades alimentícias a partir de 1800. O planeta Terra produz cerca de 28 bilhões de toneladas de tomates por ano. [...]

FURTADO, Jorge. Ilha das Flores (1989). Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

O documentário é gênero textual em que predomina a função referencial da linguagem. No texto, o trecho que evidencia essa predominância é

a) “Estamos em Belém Novo, município de Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul, no extremo sul do Brasil”, em função da presença de verbos conjugados na primeira pessoa, que descrevem um cenário a partir da visão pessoal do narrador.

b) “Os japoneses se distinguem dos demais seres humanos pelo formato dos olhos, por seus cabelos lisos e por seus nomes característicos”, pelo uso da impessoalidade para assegurar a objetividade da informação.

c) “Os seres humanos são animais mamíferos, bípedes, que se distinguem dos outros mamíferos”, pelo trabalho com o código linguístico, considerando o diálogo estabelecido com outra área do conhecimento.

d) “O telencéfalo altamente desenvolvido permite aos seres humanos armazenar informações, relacioná-las, processá-las e entendê-las”, porque enumeram-se as funções de determinado objeto e expressa-se, assim, a organização lógica do narrador.

e) “O tomate, ao contrário da baleia, da galinha, dos japoneses e dos demais seres humanos, é um vegetal”, já que se utilizam estratégias de retomada do discurso, com o intuito de envolver o receptor no texto.

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Letra B. A função referencial da linguagem se caracteriza pela impessoalidade e pela objetividade com que a mensagem é passada aos leitores, com foco no referente, elemento predominante da comunicação. O trecho “Os japoneses se distinguem dos demais seres humanos pelo formato dos olhos, por seus cabelos lisos e por seus nomes característicos” evidencia isso porque transmite uma informação sobre os japoneses literal e objetivamente.

Questão 20

(Enem 2020)

“Escrever não é uma questão apenas de satisfação pessoal”, disse o filósofo e educador pernambucano Paulo Freire, na abertura de suas Cartas a Cristina, revelando a importância do hábito ritualizado da escrita para o desenvolvimento de suas ideias, para a concretização de sua missão e disseminação de seus pontos de vista. Freire destaca especial importância à escrita pelo desejo de “convencer outras pessoas”, de transmitir seus pensamentos e de engajar aqueles que o leem na realização de seus sonhos.

KNAPP, L. Linha fina. Comunicação Empresarial, n. 88, out. 2013.

Segundo o fragmento, para Paulo Freire, os textos devem exercer, em alguma medida, a função conativa, porque a atividade de escrita, notadamente, possibilita

a) levar o leitor a realizar ações.

b) expressar sentimentos do autor.

c) despertar a atenção do leitor.

d) falar da própria linguagem.

e) repassar informações.

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Resposta

Letra A. No fragmento, Paulo Freire destaca a importância do hábito de escrita para a transmissão de pensamentos e para o engajamento de novos leitores. Nesse contexto, o autor associa a ideia de “convencer outras pessoas” ao poder da escrita para o desenvolvimento de ideias e disseminação de pontos de vista, construindo relação dialógica que visa à persuasão. O alcance de novos leitores, portanto, caracteriza a função conativa exercida pelos textos, uma vez que esses indivíduos são levados a realizar ações a partir da leitura.